O SER E O APARECER
O Ser Cristão na Sociedade das Aparências
Texto 02 da Séria “Reflexões Bíblicas e Doutrinárias Para a Atualidade”
A pós-modernidade provocou o surgimento da “sociedade de aparências”. O progresso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) e a efervescência das mídias e redes sociais ajudaram no estímulo de uma conduta voltada para as aparências: a visibilidade de algo que não existe de fato, mas é formatado para as redes sociais. Zygmunt Bauman contextualizou a famosa máxima de Descartes, dizendo “apareço, logo existo”. O cristão precisa viver na contramão deste fluxo de aparências forçadas, perseverando na Verdade e cultivando seu ser segundo as Escrituras e o modelo da vida e caráter de Jesus Cristo.
A melhor forma de começar qualquer assunto é definindo o que os principais termos significam. No caso deste texto, precisamos entender a palavra “ser” que está voltada para o que é de fato e verdade e “não-ser” que está voltada para as coisas aparentes. Por um lado, o que significa a palavra “ser”? A palavra ser é a ação da existência própria e real; é aquilo que existe de modo real possuindo um valor intrínseco. Neste sentido, o ser da pessoa diz respeito àquilo que ela é e como vive de fato, sem qualquer fingimento, mas com sinceridade, honestidade e integridade. Por outro lado, o que significa a palavra “não-ser”? A palavra não-ser é a ausência do ser, a referência àquilo que aparenta uma realidade inexistente. Logo, viver de aparências é a prática de dissimular e fingir o não-ser, aquilo que não existe ou uma vida inexistente. O ser humano, após a Queda no pecado, possui uma inclinação perniciosa para a mentira, o engano, a hipocrisia e a supervalorização de si mesmo. O espaço da Internet, os smartphones na palma da mão e as redes sociais favorecem o florescimento desse aspecto negativo da vida humana. Assim sendo, inúmeras pessoas desfilam nas redes sociais uma falsa aparência de si mesmo, projetando para o público uma vida que não corresponde à realidade.
A sociedade das aparências normaliza os perfis fakes e essa tendência está associada ao individualismo, utilitarismo, hedonismo, consumismo e superfluidade – que caracterizam o modo de vida pós-moderno. Desse modo, as aparências postadas e compartilhadas são “cortinas de fumaça” para camuflar um vazio existencial, uma realidade de vida aquém do desejado, entre outras causas. Essa tendência para o que é aparente tem alcançado muitos cristãos que buscam construir uma aparência de piedade e formatar uma espiritualidade robusta nas redes sociais.
Sob todos os ângulos, as aparências são irreconciliáveis com a vida cristã autêntica. A nova vida em Jesus Cristo possui na Verdade sua origem, seu fundamento e sua orientação. A autenticidade é uma manifestação de viver segundo a verdade divina e a sinceridade é uma expressão de viver à luz da presença onisciente de Deus. Logo, o cristão precisa ser verdadeiro, sincero e honesto em todas as áreas de sua vida, incluindo aquilo que consumimos e postamos na Internet e redes sociais.
Neste assunto, é muito relevante o conselho do sábio quando diz: “A honestidade guia os justos; a desonestidade destrói os desleais” (Pv 11.3/NVT). O cultivo desse tipo de vida bíblica é preconizado pelos textos de 2 Crônicas 19.9; Salmos 15.1-5; 24.3-4; 41.12; 101.2; Provérbios 11.3; Mateus 22.16; 2 Coríntios 8.21; Filipenses 4.8. Observe, pois, a declaração pessoal do autor da epístola aos Hebreus: “minha consciência está limpa e desejo viver de forma honrada em tudo que faço” (Hb 13.18/NVT).
Na sociedade das aparências, o que tem mais valor é o propagandear a si mesmo com superficialidade, ilusão e exterioridade, esquecendo a essência, a verdade e a realidade. Por um lado, é notório que muitos cristãos têm adotado o modo das aparências para figurar uma falsa piedade, exibindo uma espiritualidade de rede social sob diversos ângulos e muitos ministros e cantores atuando conforme o que causa impacto na multidão. Esta é uma característica dos últimos dias (2 Tm 3.5). Por outro lado, é preciso ressaltar o ensino bíblico de que o modo de vida do cristão é absolutamente diferente. Andamos na contramão da cultura mundana. A partir do momento em que somos regenerados pela fé em Cristo, passamos a ter uma nova inclinação de vida regida pela verdade, retidão, integridade, honestidade e sinceridade. Não manifestamos aparências falsas, mas somente a realidade da nova vida em Cristo. Neste mundo, manifestamos a realidade da nova vida em Cristo, que é perene e eterna!
SAIBA MAIS
Pesquise sobre o conceito bíblico de “hipocrisia”, conforme denunciado por Jesus Cristo acerca dos escribas e fariseus, e seu ensino sobre como Seus discípulos devem evitar o engodo da hipocrisia religiosa. Estude os textos de Mateus 23.27-28 e Lucas 12.1-2.
AUTORIA
PR. ISAQUE C. SOEIRO, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus na cidade de Satubinha (MA), filiado na CEADEMA – Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Maranhão.
Graduações em: Bacharel em Administração (UNITINS-TO), Bacharel em Teologia (FATEH-MA).
Pós-graduações em: Especialização em Gestão Educacional (UNISEB-COC), Especialização em Ciência das Religiões (ILUSES/FATEH-MA), Mestrado em Teologia (FAETAD) e Mestrando em Educação (ILUSES/LUSÓFONA).
Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC.
E-mail: ic.soeiro.ic@gmail.com.